Coletivo - Filé de Peixe
O Conceitual Coletivo:
O Coletivo Filé de Peixe, em exibição atualmente no Paço Imperial com a exposição O Conceitual Coletivo, busca, nessa oportunidade de apresentar-se em um local de extrema relevância, usufruir da Arte Conceitual como embasamento de seu projeto. O foco principal do trabalho é que se entenda a lógica de um Coletivo como um espaço de atuação artística simultânea entre seus membros, onde juntos, eles, entendem-se quase como em um relacionamento poliamoroso, em detrimento do vigente contexto social pautado por ideais individualistas e competitivo.
A pergunta que torna-se indispensável ao entendimento da exposição gira em torno do próprio significado de coletivo, a qual é respondida por meio das obras em exibidas. Todas obras expostas em O Coletivo Conceitual tem como objetivo revelar a condição de coletivo. Grande parte dessas são pautadas na apropriação e resignificação artística, como é o caso do trabalho Merde d'Artiste, de Piero Manzoni cuja crítica relaciona-se à sociedade de consumo em massa, que é reelaborado e intitulado de Merda de Coletivo.
Outro exemplo é a recriação da obra Uma e Três Cadeiras de Joseph Kosuth, norteamericano que almejava colocar a arte como fonte de informação e não apenas de concepção estética, a qual recebeu o nome de Um e Três Coletivos. Esse trabalho, que força a investigação da natureza linguística da proposta artística, possui influências explícitas da Arte Conceitual. Ao colocar em exibição a foto do coletivo, o coletivo e o significado da palavra “coletivo”, há um enorme apelo a ideia de arte em detrimento de unicamente a sua forma. Por meio dessa, torna-se relevante explorar o universo dos significados e das palavras e não manter-se limitado à análise do conjunto estético.
A exposição também parodia as obras de Barbara Kruger, uma artista com bastante relevância no movimento feminista por seu posicionamento contrário ao poder manipulador dos meios de comunicação, ao consumismo, aos postulados machistas e aos esteriótipos sexistas. Pode-se perceber ao analisar as obras do Filé de Peixe sob o contexto das obras de Kruger, que o coletivo busca, em suas intervenções, criticar o mercado da arte e problematizar os conceitos que usualmente são empregados ao pensar no que é um coletivo e o que é um artista.
Assim como Barbara utilizava da linguagem da publicidade pra criticá-la de dentro pra fora, o coletivo Filé de Peixe também utiliza do meio e da linguagem artística para criticar a arte, de forma que eles próprios admitem fazer parte daquilo que eles criticam. Ao trocar as palavras no singular por palavras no plural, cria-se um efeito contrário ao publicitário, fazendo com que uma mensagem que aparenta, para o mercado comum, ser direta e objetiva; aparente, para o mercado da arte, ser geral e subjetiva, mostrando assim a contradição que há na arte em buscar a venda sem que se estimule a compra.
Por: Juliana Zalfa, Maria Clara Mendes, Mariana Magalhães, Pierre Borges e Valeska
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