Sônia Andrade
Sônia Andrade. Artista. Carioca. Pioneira da videoarte brasileira. Provocante. Conectada com os seus expectadores.
Sua carreira se iniciou em 1970, em meio à ditadura militar, impactando já em seus primeiros vídeos - peças desafiadoras nas quais deformou o rosto com fios, fixou a mão numa mesa com arame e pregos e tirou os cabelos do corpo com uma tesoura. Reconhecida internacionalmente desde seus primeiros trabalhos, em 1975 participou da exposição Video Art, exibida em quatro instituições norte-americanase - Institute of Contemporary Art, Filadélfia; The Contemporary Arts Center, Cincinnati; Museum of Contemporary Art, Chicago e Wadsworth Atheneum, Connecticut junto a uma série de artistas brasileiros. Sônia construiu uma carreira abrangente, com utilizações de arte postal, desenho, fotografia, arte neon e instalações. Sua maior preocupação consistia no que ela chama de “o aspecto mais importante da arte” - a relação entre o espectador e o objeto. Desse modo, a artista utilizava-se do vídeo como canal de sua arte.
Andrade, em suas primeiras obras, construiu um lado solitário, uma relação direta entre artista-televisão. O corpo em holofote, confrontava a tela e o aparelho de televisão ameaçando a mídia moderna. Em seus vídeos, a televisão atuou como uma entidade opressiva, representando a banalidade das imagens modernas e seus efeitos sobre os telespectadores, enquanto o corpo em sátira, agia como um objeto crítico e de cunho político.
Sônia em pouco tempo já mostrava que mesmo em um ambiente liderado por homens - como visto no audiovisual brasileiro - deixaria sua marca emblemática, um efeito de cicatriz. Na sua primeira série de vídeos filmados em São Paulo e Rio de Janeiro (8 filmes, 1974-1977), mutilou seu corpo por meio de arames, atacou-se com tesouras, e prendeu a cabeça em uma gaiola de pássaros, um grito psicótico de um corpo reduzido ao nada por uma televisão autoritária e censuradora do contexto político do regime de ditadura militar.
![]() |
Na sua segunda série de vídeos, já no ano de 1978 em Paris, exercitou um roteiro em peças curtas em um misto de comédia e horror, desordenando os sentidos e usando da repetição. A Morte do Horror, como ficou conhecido sua série, ordenava em uma mesma ideia peixinhos dourados e combates de brinquedos, estimulando o senso de absurdo do espectador.
Reconhecida, em 1977 Sônia foi convidada para a Bienal de São Paulo com o desafio de apresentar sua rede de criação: Os Caminhos, Os Habitantes, O Espetáculo e A Obra, uma instalação baseada em um Diálogo, via cartões postais, entre o artista, os moradores da cidade e os organizadores da Bienal. Em 1978 foi a vez de Hydragrammes, sua obra mais ilustre. Essa instalação consistia em itens encontrados por Sonia Andrade, os quais foram relacionados entre si e associados à palavra correspondente e sua representação fotográfica. Nesse projeto, Sônia radicalizou no panorama de imagens, trabalhando com o nosso imaginário, nossas experiências.
Intervalo, um único vídeo rodado em Zurique em 1983, esvazia simbolicamente o tubo de raios catódicos, retendo apenas o fio temporal do filme através da metáfora de rolos de filme espalhados em uma paisagem. Estas três séries de vídeos para apresentação em monitores constituem um corpus específico no trabalho de Andrade. Mas para ela, o vídeo está conectado a uma análise mais ampla da imagem que usa a nova mídia, bem como o desenho e as imagens encontradas.
Tendo vivido e trabalhado em Paris, na Suíça e no Rio de Janeiro, Andrade participou de inúmeras exposições em todo o mundo. Seu trabalho experimental e provocador foi homenageado no Brasil, onde vive atualmente. Em 2001, recebeu o Segundo Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia por suas contribuições para a arte de mídia e foi homenageada no Festival Carlton de Artes de São Paulo.
As produções mais recentes de Sônia, obras criadas entre 2001 e 2017, utilizam pedras, areia, cristais e projeção de imagens. Reconhecida até os dias atuais, participou da 32ª Bienal de São Paulo, em 2016.
As produções mais recentes de Sônia, obras criadas entre 2001 e 2017, utilizam pedras, areia, cristais e projeção de imagens. Reconhecida até os dias atuais, participou da 32ª Bienal de São Paulo, em 2016.
Suas operações de pura reflexão e de imagens poéticas resultaram na construção absurda e imprevisível de sua arte. Sônia fixou e apresentou o público ao seu próprio pensamento pictórico, espacial e poético.
Grupo: Beatriz Almeida, Larissa Rios, Rennan Caldas, Roberta Oliveira e Thays de Oliveira
Grupo: Beatriz Almeida, Larissa Rios, Rennan Caldas, Roberta Oliveira e Thays de Oliveira
Comentários
Postar um comentário