Comentário '' Trilha para 2 lugares e Trilha para 2 lugares'' , Obra de Nelson Felix

Finalizando a série “Método poético para descontrole de localidade”, “Trilha para 2 lugares e trilha para 2 lugares” dá continuidade a relação espaço/poesia traduzida por Nelson Felix em suas obras. A palavra trilha é repetida duas vezes no título porque se trata do percurso que ele fez de duas cidades: uma cidade argentina e uma ilha grega.

A obra se apresenta aconchegante por contar com uma sala coberta de espuma e com uma iluminação indireta, onde encontram-se TVs. A presença de poucas pessoas dentro dessa sala é importante para um bom resultado no espectador por deixar o ambiente mais confortável.

Fora dessa sala existe um cabo de aço em tensão máxima que liga duas extremidades do museu, que com suas janelas de vidro ajuda na construção da ideia de uma trilha para dois lugares, pois ligando os dois lados, liga duas paisagens diferentes. Tal cabo, quando mexido, provoca um som que pode ser percebido somente dentro da sala. Esse cabo é também uma conexão com a segunda parte do título da obra. 

Utilizando o museu como instrumento, o artista provoca no espectador a sensação de onipresença, causada pelo uso de telas de televisão que retratam diferentes paisagens – Cítera (Grécia), Santa Rosa (Argentina) e La Closerie (França) - levando o observador à três lugares distintos, porém que se apresentam em uníssono pelo ruído de vento que complementa a exposição e pelo som causado pelo movimento do cabo exterior, unindo as três paisagens em um mesmo som, comum a todos os ambientes. É importante acrescentar que tinhamos que entrar sem sapatos, parar provocar a sensação de se sentir mais parte do lugar e sentir também a espuma sob os pés.

A exposição provoca a sensação de que, ainda que em pontos distintos do globo, as paisagens contam com elementos comum a todas, como a água, o vento, o ruído e até mesmo a poesia que compõe involuntariamente nossas vidas em qualquer parte do mundo. A ideia de que diferentes paisagens cabem em um mesmo ruído e em um mesmo ambiente e em uma única pessoa.

Por: Juliana Freitas, Luana Calasara , Maria Gabriela , Mariana Paz e Mylena Moura